Base XV

Autor: ronaldo jr.  //  Categoria: Língua Portuguesa

Do hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares.

1) Emprega-se o hífen nas palavras compostas por palavras novas formadas pela união de dois elementos distintos de natureza nominal (nome), adjetival, numeral ou verbal, constituem uma oração (frase) com significado e mantêm acento próprio, podendo dar-se o caso de o primeiro elemento estar reduzido:

Exemplos:

Arco-íris;

Amor-perfeito;

Norte-americano;

Azul-escuro;

Guarda-chuva.

Observação.: Certas palavras compostas, em relação às quais se perdeu a noção de composição, grafam-se juntamente por já estarem aglutinadas, ligadas uma a outra:

Exemplos:

Girassol;

Madressilva;

Mandachuva;

Pontapé;

Paraquedista.

2) Emprega-se o hífen nos nomes próprios compostos de lugar iniciados pelos adjetivos grã, grão ou por forma verbal ou cujos elementos estejam ligados por artigo:

Exemplos:

Grã-Bretanha;

Abre-Campo;

Quebra-Costas;

Baía de Todos-os-Santos;

Entre-os-Rios.

Observação.: Os outros Nomes próprios compostos de lugar escrevem-se com os elementos separados, sem hífen:

Exemplos:

América do Sul;

Belo Horizonte;

Cabo Verde;

Castelo Branco.

O topônimo (nome próprio de lugar) Guiné-Bissau é, contudo, uma exceção consagrada pelo uso.

3) Emprega-se o hífen nas palavras compostas que designam espécies botânicas e zoológicas, estejam ou não ligadas por preposição ou qualquer outro elemento:

Exemplos:

Abóbora-menina;

Couve-flor;

Erva-doce;

Erva-do-chá;

Andorinha-grande;

Cobra-capelo;

Formiga-branca;

Andorinha-do-mar;

Cobra-d’água.

4) Emprega-se o hífen nos compostos com os advérbios bem e mal, quando estes formam com o elemento que se lhes segue uma unidade (tanto do ponto de vista da palavra quanto de seu significado) e eles se iniciam por vogal ou h. No entanto, nem sempre o advérbio bem, ao contrário de mal, aglutina-se (fica ligado) com palavras começadas por consoante.

Exemplos:

Bem-estar;

Bem-humorado;

Mal-estar;

Mal-humorado;

Bem-criado (cf. Malcriado);

Bem-ditoso (cf. Malditoso);

Bem-falante (cf. Malfalante);

Bem-mandado (cf. Malmandado);

Bem-nascido (cf. Malnascido);

Bem-soante (cf. Malsoante);

Bem-visto (cf. Malvisto).

Observação.:

Em muitos compostos o advérbio bem aparece junto (aglutinado) com o segundo elemento, quer este tenha ou não vida à parte:

Exemplos:

Benfazejo;

Benfeito;

Benquerença.

5) Emprega-se o hífen nos compostos com os elementos além, aquém, recém e sem:

Exemplos:

Além-Atlântico;

Além-fronteiras;

Aquém-mar;

Recém-casado;

Recém-nascido;

Sem-número;

Sem-vergonha.

6) Nas locuções de qualquer tipo, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais, não se emprega em geral o hífen, salvo algumas exceções já consagradas pelo uso.

Exemplo:

Água-de-colônia,

Arco-da-velha,

Cor-de-rosa,

Mais-que-perfeito,

Pé-de-meia,

Ao deus-dará,

À queima-roupa.

Sirvam, pois, de exemplo de emprego sem hífen as seguintes locuções:

a) Substantivas: cão de guarda, fim de semana, sala de jantar;

b) Adjetivas: cor de açafrão, cor de café com leite, cor de vinho;

c) Pronominais: cada um, ele próprio, nós mesmos, quem quer que seja;

d) Adverbiais: à parte (note-se o substantivo aparte), à vontade, de mais (locução que se contrapõe a de menos; note-se demais, advérbio, conjunção, etc.), depois de amanhã, em cima, por isso;

e) Prepositivas: abaixo de, acerca de, acima de, a fim de, a par de, à parte de, apesar de, aquando de, debaixo de, enquanto a, por baixo de, por cima de, quanto a;

f) Conjuncionais: a fim de que, ao passo que, contanto que, logo que, por conseguinte, visto que.

7) Emprega-se o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando, não propriamente palavras, mas encadeamentos vocabulares (palavras que se ligam segundo a necessidade).

Exemplo:

A divisa Liberdade-Igualdade-Fraternidade;

A ponte Rio-Niterói;

O percurso Lisboa-Coimbra-Porto;

A ligação Angola-Moçambique

E também nas combinações históricas ou ocasionais de nomes próprios de lugar (topônimos).

Exemplo:

Áustria-Hungria,

Angola-Brasil,

Tóquio-Rio de Janeiro.

Base XVI

Autor: ronaldo jr.  //  Categoria: Língua Portuguesa

Do hífen nas formações por prefixação*, recomposição** e sufixação***

A Seguir as regras para o uso do hífen na formação por prefixação, recomposição e sufixação:

1) Usa-se o hífen com os prefixos (ante-, anti-, circum-, co-, contra-, entre-, extra-, hiper-, infra-, intra-, pós-, pré-, pró-, sobre-, sub-, super-, supra-, ultra-, etc.) em falsos prefixos, de origem latina ou grega (aero-, agro-, arqui-, auto-, hio-, eletro-, geo-, hidro-, inter-, macro-, maxi-, micro-, mini-, multi-, neo-, pan-, pluri-, pro-, to-, pseudo-, retro-, semi-, tele-, etc).

a) Quando o segundo elemento começa com h:

Exemplos:

Anti-higiênico,

Co-herdeiro,

Contra-harmônico,

b) Quando o prefixo  termina na mesma vogal com que se inicia o segundo elemento:
Exemplos:

Antiibérico,

Contraalmirante,

Infraaxilar,

Anteespecular

c) Os prefixos circum- e pan-, quando o segundo elemento começa por vogal, m ou n:
Exemplos:

Circum-escolar,

Circum-murado,

Pan-africano

d) Os prefixos hiper-, inter- e super-, quando combinados com elementos iniciados por r:
Exemplos:

Hiperrequintado,

Interresistente,

Superrevista

e) Os prefixos ex-, sota-, soto-, vice- e vizo-:

Exemplos:

Ex-diretor,

Ex-hospedeira,

Sota-piloto,

Soto-mestre,

Vice-presidente,

Vizo-rei

f) Os prefixos tônicos acentuados graficamente pós-, pré- e pró-, quando o segundo elemento tem vida à parte, ou seja, não se unem com a forma subsequente (Exemplos: predileto, procriar, etc):

Exemplos:

Pós-tônico,

Pré-escolar,

Pré-natal
Pró-africano.

2) Não usa o hífen:

a) Quando o prefixo e falso prefixo acaba em vogal e o segundo elemento inicia por r ou s, ocorre que estas consoantes dobram:

Exemplos:

Antirreligioso,

Antissemita,

Contrarregra

Cosseno.

2. Quando o prefixo ou pseudoprefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por vogal diferente, prática essa, em geral, já adotada também para os termos técnicos e científicos:

Antireo,

Coeducação,

Extraescolar
Aeroespacial.

3) De modo geral não se coloca hífen em sufixos, só se usa o hífen nas palavras terminadas por sufixos de origem tupi-guarani que geram adjetivos, como -açu, -guaçu e mirim, quando o primeiro elemento acaba em vogal acentuada graficamente ou se a pronúncia exige a distinção gráfica dos dois elementos:

Amoré-guaçu,

Anajá-mirim,

Andá-açu,

Capim-açu.


* Prefixação: Tipo de formação de palavras que ocorre juntando-se um prefixo à palavra, ou seja, a parte adicionada junta-se antes do radical:

Exemplo: normal – anormal

** Recomposição: processo complexo de formação de palavras, são palavras formadas por pseudoprefixos. Consulte a Nova Gramática do Português Contemporâneo de Celso Cunha e Lindley Cintra para se aprofundar no assunto.

*** Sufixação: Tipo de formação de palavras que ocorre juntando-se um sufixo á palavra, ou seja, a parte adicionada junta-se depois do radical:

Exemplo: normal – normalidade

Base XVII

Autor: ronaldo jr.  //  Categoria: Língua Portuguesa

Do Hífen na tmese*, na ênclise e com o verbo HAVER

1) Emprega-se o hífen na ênclise, ou seja, quando se usa um verbo + pronome oblíquo átono. Exemplos:

Observou-me com certo interesse.

Posso levá-la para jantar?

Dê-me cinco pães.

2) Também se emprega o hífen na tmese*.

Exemplos:

Dar-te-ei tudo o que precisares.

Encontrar-te-ei na porta do cinema.

Avisá-lo-ei sobre os perigos desta região.

3) Usa-se hífen nas ligações pronominais de ênclise com o advérbio eis (eis-me, ei-lo, etc.) e nas combinações de forma pronominal no-lo, vo-lo, etc.

Exemplos:

Vo-lo tenho dado.

Esperamos que no-lo comprem.

Obs.: Embora o correto seja usar “quere e requere”, hoje em dia usam-se as formas “quer e requer”; sendo que estas primeiras necessitam de hífen quando são usadas na ênclise.

Exemplos:

Quere-o

Requere-o.

4) Não se usa hífen quando se liga a preposição de às formas monossilábicas do presente do verbo haver***.

Exemplos:

Hei de almoçar ao meio-dia hoje.

Hão de viajar amanhã.


* Tmese: partição, por meio do hífen, quando se coloca um pronome oblíquo átono, ou outra partícula, entre o radical (parte que gera outras palavras) e as desinências (nome das flexões verbais.

Exemplos:

Te avisarei (errado) = avisá-lo-ei (correto)

Te casarei (errado) = casar-te-ei (correto)

*** Ver a conjugação do verbo haver.