Do hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares.
1) Emprega-se o hífen nas palavras compostas por palavras novas formadas pela união de dois elementos distintos de natureza nominal (nome), adjetival, numeral ou verbal, constituem uma oração (frase) com significado e mantêm acento próprio, podendo dar-se o caso de o primeiro elemento estar reduzido:
Exemplos:
Arco-íris;
Amor-perfeito;
Norte-americano;
Azul-escuro;
Guarda-chuva.
Observação.: Certas palavras compostas, em relação às quais se perdeu a noção de composição, grafam-se juntamente por já estarem aglutinadas, ligadas uma a outra:
Exemplos:
Girassol;
Madressilva;
Mandachuva;
Pontapé;
Paraquedista.
2) Emprega-se o hífen nos nomes próprios compostos de lugar iniciados pelos adjetivos grã, grão ou por forma verbal ou cujos elementos estejam ligados por artigo:
Exemplos:
Grã-Bretanha;
Abre-Campo;
Quebra-Costas;
Baía de Todos-os-Santos;
Entre-os-Rios.
Observação.: Os outros Nomes próprios compostos de lugar escrevem-se com os elementos separados, sem hífen:
Exemplos:
América do Sul;
Belo Horizonte;
Cabo Verde;
Castelo Branco.
O topônimo (nome próprio de lugar) Guiné-Bissau é, contudo, uma exceção consagrada pelo uso.
3) Emprega-se o hífen nas palavras compostas que designam espécies botânicas e zoológicas, estejam ou não ligadas por preposição ou qualquer outro elemento:
Exemplos:
Abóbora-menina;
Couve-flor;
Erva-doce;
Erva-do-chá;
Andorinha-grande;
Cobra-capelo;
Formiga-branca;
Andorinha-do-mar;
Cobra-d’água.
4) Emprega-se o hífen nos compostos com os advérbios bem e mal, quando estes formam com o elemento que se lhes segue uma unidade (tanto do ponto de vista da palavra quanto de seu significado) e eles se iniciam por vogal ou h. No entanto, nem sempre o advérbio bem, ao contrário de mal, aglutina-se (fica ligado) com palavras começadas por consoante.
Exemplos:
Bem-estar;
Bem-humorado;
Mal-estar;
Mal-humorado;
Bem-criado (cf. Malcriado);
Bem-ditoso (cf. Malditoso);
Bem-falante (cf. Malfalante);
Bem-mandado (cf. Malmandado);
Bem-nascido (cf. Malnascido);
Bem-soante (cf. Malsoante);
Bem-visto (cf. Malvisto).
Observação.:
Em muitos compostos o advérbio bem aparece junto (aglutinado) com o segundo elemento, quer este tenha ou não vida à parte:
Exemplos:
Benfazejo;
Benfeito;
Benquerença.
5) Emprega-se o hífen nos compostos com os elementos além, aquém, recém e sem:
Exemplos:
Além-Atlântico;
Além-fronteiras;
Aquém-mar;
Recém-casado;
Recém-nascido;
Sem-número;
Sem-vergonha.
6) Nas locuções de qualquer tipo, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais, não se emprega em geral o hífen, salvo algumas exceções já consagradas pelo uso.
Exemplo:
Água-de-colônia,
Arco-da-velha,
Cor-de-rosa,
Mais-que-perfeito,
Pé-de-meia,
Ao deus-dará,
À queima-roupa.
Sirvam, pois, de exemplo de emprego sem hífen as seguintes locuções:
a) Substantivas: cão de guarda, fim de semana, sala de jantar;
b) Adjetivas: cor de açafrão, cor de café com leite, cor de vinho;
c) Pronominais: cada um, ele próprio, nós mesmos, quem quer que seja;
d) Adverbiais: à parte (note-se o substantivo aparte), à vontade, de mais (locução que se contrapõe a de menos; note-se demais, advérbio, conjunção, etc.), depois de amanhã, em cima, por isso;
e) Prepositivas: abaixo de, acerca de, acima de, a fim de, a par de, à parte de, apesar de, aquando de, debaixo de, enquanto a, por baixo de, por cima de, quanto a;
f) Conjuncionais: a fim de que, ao passo que, contanto que, logo que, por conseguinte, visto que.
7) Emprega-se o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando, não propriamente palavras, mas encadeamentos vocabulares (palavras que se ligam segundo a necessidade).
Exemplo:
A divisa Liberdade-Igualdade-Fraternidade;
A ponte Rio-Niterói;
O percurso Lisboa-Coimbra-Porto;
A ligação Angola-Moçambique
E também nas combinações históricas ou ocasionais de nomes próprios de lugar (topônimos).
Exemplo:
Áustria-Hungria,
Angola-Brasil,
Tóquio-Rio de Janeiro.